Henrietta Lacks e suas células imortais
A História
de uma mulher negra e pobre que teve
câncer
de colo de útero e que mudou o rumo da Medicina.
No dia 1° de agosto de 1920 em Roanoke, Vírginia (EUA), nasceu Loretta Pleasant , ninguém sabe como ela passou a se chamar Henrietta, mas foi assim que ela ficou conhecida. Henrietta nasceu em em um pequeno barraco e morou com os pais e oitos irmãos e irmãs mais velhos, uma família humilde e descendentes de escravos. Sua mãe morreu dando a luz ao seu 10° filho e seu pai não tinha uma fama muito boa, pois há relatos que ele andava nas ruas batendo com sua bengala nas pessoas, e há histórias de familiares que ele matou um de seus filhos por desrespeitar Eliza, mãe de Henrietta, ele era um pai muito severo e não tinha paciência para criar os filhos.
Em 1942, com 21 anos, Henrietta Lacks mudou-se para Baltimore, com um filho de cada lado, ela embarcou num trem a vapor na pequena estação de madeira. Deixou os campos de tabaco de sua juventude onde foi lavradora e o carvalho centenário que a protegeu do sol durante tantas tardes quentes. Ela foi morar com seu marido Day em Baltimore, para começar uma vida nova.
Henrietta e seu marido Day |
Próximo de onde Henrietta morava, havia o laboratório do Dr. George Otto Gey, cuja sua vontade era descobrir a causa e a cura do câncer. Ele acreditava que encontraria a tão sonhada solução da doença nas próprias células humanas. Por 30 anos, ele e a sua mulher, Margaret, vinham tentando cultivar células cancerosas em laboratório, ou seja, fora do corpo humano, eles misturavam tecidos doentes com sangue de corações de galinhas vivas, esperando que estas células se reproduzissem para ele estudá-las, mas elas sempre morriam. Até que no dia 1° de fevereiro de 1951, Henrietta Lacks foi ao Hospital John Hopkins, e foi diagnosticada com “Carcinoma epidermoide do colo do útero, Estágio I”, e antes da sua primeira sessão de radioterapia um jovem residente retirou uma amostra do tumor que não era para biópsia, e claro que Henrietta nunca soube disso.A amostra viera cair em mãos de George Gey, onde ele descobriu que as células de Henrietta podiam ser cultivadas indefinidamente no laboratório. O câncer de Henrieta produzia metástases anormalmente rápidas, mais que qualquer outro tipo de câncer conhecido pelos médicos.
Dr. George Gey
E no dia 4 de outubro de 1951, Henrietta falece aos 31 anos, e suas células que foram batizadas de HeLa, passam a ser conhecidas e muito utilizadas,sendo distribuídas para os laboratórios do mundo inteiro. Jonas Salk, um médico virologista e epidemiologista utilizou as células para a produzir a vacina contra a poliomelite, ou seja, certamente muitas crianças foram e serão salvas dessa doença. As células HeLa também já foram enviadas ao espaço para prever o que aconteceria com o tecido humano em situações de gravidade zero, além de serem
usadas também para outros inúmeros experimentos entre eles, pesquisa contra o
câncer, AIDS, efeitos da radiação, mapeamento genético Calcula-se que a
quantidade de células existentes nos laboratórios de todo o mundo supere o
número de células da senhora Lacks em vida.
células HeLa
As células foram e são muito importantes, foram vendidas para milhares de laboratórios, foi utilizadas em diversas experiências, e obviamente que se faturou bilhões de dólares em produtos testados na célula, porém tudo isso aconteceu sem o consentimento da família de Henrietta Lacks. Somente em 1973 que sua família teve conhecimento que as células estavam vivas, após uma equipe de geneticistas procurarem os
familiares para fazer um exame DNA após a suspeita de uma teoria de que a cura
do câncer poderia estar na manipulação dos genes.
"Um dia, um pesquisador de pós-doutorado chamou o marido de Henrietta, que não tinha terminado a escola e não sabia o que era uma célula e disse a ele: sua esposa viva em um laboratório e a utilizamos na pesquisa científica há 25 anos. Agora, quero examinar seus filhos para ver se eles têm câncer". Rebecca Skloot autora do livro sobre a história de Henrietta.
"Um dia, um pesquisador de pós-doutorado chamou o marido de Henrietta, que não tinha terminado a escola e não sabia o que era uma célula e disse a ele: sua esposa viva em um laboratório e a utilizamos na pesquisa científica há 25 anos. Agora, quero examinar seus filhos para ver se eles têm câncer". Rebecca Skloot autora do livro sobre a história de Henrietta.
Após tomar conhecimento sobre as células de Henrietta, a família Lacks buscou além de idenização o reconhecimento dela para a ciência, onde fizeram campanhas que obtiveram resultados, onde Henrietta se tornou heroína científica. Porém a família não teve sorte em relação a compensação.
Em
agosto de 2013, a família Lacks conquistou o controle parcial sobre o acesso de
cientistas ao código de DNA das células de Henrietta. E em fevereiro de 2017 a família anunciou que devem continuar a batalha
na Justiça contra o Centro Médico John Hopkins para receber compensações pelas
vendas das células. O centro nega que tenha lucrado com a venda e distribuição
da linha celular HeLa.
Família Lacks em 2009: filhos,
netos, bisnetos, etc, de
Henrietta Lacks. Fonte: Livro de Rebecca Skloot.
Para quem tem interesse em
conhecer mais sobre a história de Henrietta Lacks, saiu um filme recentemente
sobre a vida dela, e possui também um livro, e que foi justamente através dele
que eu conheci a história da Henrietta, vale muito a pena ler, o livro é muito
bom, conta toda a história bem detalhada. Pra quem tiver interesse em ler, eu
tenho a versão em PDF e posso enviar pelo e-mail.
O FILME
Oprah Winfrey como Deborah Lacks (filha de Henrietta)
no filme “The Immortal Life Of Henrietta Lacks”
LINK DO TRAILER OFICIAL
https://www.youtube.com/watch?v=X-jxEX1XQpY
O LIVRO
Livro: A VIDA IMORTAL DE HENRIETTA LACKS/ AUTORA: REBECCA SKLOOT
( Mando versão em PDF pelo e-mail, comentem o e-mail de vocês nos comentários ou me mandem um e-mail para:paola.cscorrea@gmail.com).
O câncer de colo de útero é um dos que mais atinge mulheres em todo o
mundo. Com cerca de 500 mil casos novos por ano no mundo, ele é o segundo tipo
de câncer mais comum entre as mulheres, sendo responsável pela morte de 230 mil
mulheres por ano segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). No
Brasil, para 2010, são esperados mais de 18 mil casos novos, ou seja 18 casos para
cada 100 mil mulheres. Atualmente sabe-se que o surgimento deste tipo de câncer
está associado à infecção por um dos 15 tipos oncogênicos do vírus Human
papillomavirus (HPV). “A linhagem celular derivada do tumor de Henrietta contem
o DNA do HPV tipo 18, um dos mais oncogênicos.”, explicou ao iG a pesquisadora
Luisa Villa, do Instituto Ludwig que trabalha com células HeLa há mais de 25
anos e liderou as pesquisas no Brasil que levaram à criação da primeira vacina
contra HPV aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em
2006 – a vacina é eficaz contra quatro tipos de HPV (6, 11, 16 e 18).
OBS:
Termino esse post deixando o link da
Fundação Henriett Lacks:http://henriettalacksfoundation.org/
a qual procura ajudar financeiramente aqueles indivíduos ou as famílias daqueles que já tiveram importante contribuição para a ciência.
a qual procura ajudar financeiramente aqueles indivíduos ou as famílias daqueles que já tiveram importante contribuição para a ciência.
Referências
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-39248764
http://sbi.org.br/dama-imorta/
http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/a-incrivel-e-triste-vida-de-henrietta-lacks/n1237818815293.html
https://www.blogs.unicamp.br/cienciapelosolhosdelas/2017/07/29/henrietta-lacks/
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